Para tentar resolver o problema, os proprietários de uma pequena gráfica do interior de São Paulo investiram em pesquisas com diversas árvores locais. Os concorrentes criticaram a iniciativa, pois imaginavam que a oferta internacional se normalizaria e a solução que os empresários buscavam daria em nada.
Mas a distribuição da celulose não foi normalizada e, após um ano de desenvolvimento e testes, os empresários do interior de São Paulo conseguiram um substituto, à base de celulose de eucalipto.
Essa descoberta foi um marco importante para que Leon e Max Feffer transformassem a pequena fábrica no Grupo Suzano, um dos maiores grupos empresariais do Brasil.
Atualmente, David Feffer é presidente da Suzano Holding S/A e dos Conselhos de Administração da Suzano Papel e Celulose S/A. Faz parte do seu dia-a-dia tomar decisões e ações para manter a posição de destaque e a sustentabilidade do negócio criado pelo seu avô; ou seja, está mais do que qualificado para compartilhar um pouco da sua experiência neste ótimo evento da Casa do Saber.
As lições do dia:
"Conheça a sua equipe..."
Você conhece a sua equipe? Sabe dizer as experiências e histórico profissional de cada um? Sabe quem é O CARA em determinada atividade? Muitas vezes, o líder só observa o histórico e a experiência dos seus liderados na hora da entrevista (ou alguns minutos antes dela). Depois que o cara entra na empresa, o foco se limita ao job description e nos incêndios que devem ser combatidos todos os dias.
Converse com os seus funcionários sobre os projetos que eles realizaram em outras áreas ou empresas, sobre cursos e interesses. As experiências passadas da sua equipe podem fazer a diferença, por isso, não pense que o histórico dos seus liderados é somente um detalhe para selecionar os melhores, é algo que pode garantir o seu sucesso e uma redução no turnover.
"... e tenha coragem para fazer as mudanças necessárias no time!"
Nada é eterno... Ás vezes, mudanças - agradáveis ou não - são necessárias. O contato real e constante do líder com a equipe permite que ele perceba o momento certo de realizar as mudanças. Será que não é hora de promover quem há meses se destaca? Será que não é hora de demitir aquele funcionário que você precisa ficar no pé para entregar o que foi combinado?
Se você não tiver segurança e maturidade para fazer o que precisa ser feito (e você sabe que precisa fazer!), bata um papo com seu mentor, coach, consultor de RH ou afins.
"Desenvolva o funcionário onde ele já é bom."
O retorno do investimento para tornar o cara um expert onde ele já se destaca pode ser muito maior do que investir na correção dos defeitos. Pense nisso!
"Observe como as coisas são feitas e descubra como melhorar."
Revisão de processos... Simples assim! Mas como você não consegue melhorar aquilo que não conhece, é importante mapear, no mínimo, os seus principais processos. Lamento decepcionar os amantes dos "books de processos" (aquelas cartilhas com centenas de páginas e todos os fluxos e procedimentos da empresa, em detalhes!), mas, quando falo em mapear, entendo que até uma matriz de responsabilidades pode servir. O importante é que seja algo simples de compreender e que demonstre como os processos funcionam e que permita uma análise daquilo que pode ser melhorado.
"Aprenda a usar a intuição."
O ótimo é inimigo do bom! Saiba decidir sem ter todas as informações para concluir qual é a melhor opção, nem sempre a janela da oportunidade ficará aberta esperando que você se sinta seguro para tomar uma decisão.
Mas você não precisa decidir sozinho, saiba delegar - quando for possível - ou envolver quem entende do assunto (lição das palestras do Abilio Diniz e do Marcelo Odebrecht).
"Só não erra quem não faz."
Qual é a sua reação quando alguém da sua equipe erra? Sai esbravejando e dando tiro para cima? Ou prefere ficar calado, mas deixa o funcionário na lista daqueles que serão enviados para a Sibéria?
Se os seus funcionários não perceberem que existe "tolerância a erros" dentro da empresa, pode queimar os discursos de inovação, intraempreendedorismo, pensar fora da caixa e etc.. Poucos se arriscam quando sabem que o erro pode deixá-lo queimado com o chefe.
O erro pode ser saudável (desde que o número de acertos seja maior), pois é uma forma de aprendizado e crescimento.
"Não reinvente a roda!"
Há algum modelo de gestão que você pode aplicar? Então use! Adapte! Não tente reinventar a roda quando já dedicaram anos para criar soluções de problemas parecidos com os seus. Durante a palestra, o David citou diversas ferramentas de gestão utilizadas pelo Grupo Suzano. Destaco as práticas da Fundação Nacional da Qualidade, que renderam para a
Suzano dois troféus do Prêmio Nacional da Qualidade: Suzano Petroquímica S.A. (2005) e Suzano Papel e Celulose (2008).
A lição não é "coloque em prática tudo que você lê nos livros ou o que os consultores / gurus sugerem", quem me conhece sabe o quanto questiono este tipo de postura. Mas os gestores não devem agir como se estivessem com um antolho. Conheça as opções! Avalie o que é e o que não é aplicável. Se você focar somente nos incêndios do dia-a-dia e continuar acreditando que o "nosso jeitinho" é o melhor modelo de gestão do mundo, no mínimo, perderá diversas oportunidades.
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Mais um estilo de gestão diferente, embora com princípios parecidos com os demais palestrantes.
O ponto de destaque da gestão no Grupo Suzano é o fato de ser baseada em modelos estabelecidos, isso facilita o benchmarking (não é por acaso que eles ganharam duas vezes o PNQ).
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Agradeço a sua visita!
Um abraço,
Alessandro.