terça-feira, maio 29, 2012

[Grandes Empresários: Estilos de Gestão] Palestra com Marcelo Odebrecht

A terceira palestra do curso Grandes Empresários - Estilos de Gestão foi com o Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S/A. Assim como eu, talvez você associe o nome Odebrecht somente com obras de infraestrutura e com a Braskem, mas eles atuam em diversos outros segmentos, só para citar alguns exemplos: logística, sistemas integrados de defesa, óleo e gás, empreendimentos imobiliários, etc.. Há uma página no site da Odebrecht que lista os negócios onde eles atuam, dá uma olhada lá: http://www.odebrecht.com.br/negocios-e-participacoes. Se quiser saber mais sobre o Marcelo e seu trabalho na direção da Odebrecht, leia o artigo publicado na página seis da revisa CEO Brasil: http://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/assets/ceo-brasil-16.pdf.


Marcelo Odebrecht
Foto publicada no site da Revista Exame
http://bit.ly/K1ElBT 
Pois é... Imagine como deve ser estar à frente de uma corporação deste tamanho. Mas a forma como o Marcelo apresentou o modelo de gestão - extremamente peculiar - da Odebrecht deu a impressão temporária de que o trabalho é fácil. Digo "impressão temporária", pois basta voltar ao perfil da empresa para perceber que a impressão de trabalho fácil, na realidade, é resultado de uma longa jornada, que começou nos anos 40 com o Sr. Norberto Odebrecht. Foi sistematizando desde o início a cultura da Odebrecht e institucionalizando o conceito de educação pelo trabalho que o  Sr. Norberto  ajudou a facilitar a vida das gerações seguintes de CEOs.


Vamos às lições que tirei da palestra!
"De novo: Tenha as pessoas certas nos lugares certos!"
Reforço o que comentei no texto sobre a palestra do Abilio Diniz. A tarefa de "ter as pessoas certas nos lugares certos" começa no processo seletivo e não tem fim, é um trabalho constante e o líder tem papel fundamental nisso, não adianta esperar somente pelo RH.

"Aprenda a delegar a tomada de decisão."
Líder, baseado em que você acredita que pode tomar uma decisão melhor do que o seu funcionário que está com a mão na massa? Você pode tomar a decisão de trocar alguém da equipe, mas saiba que na maioria das vezes o seu funcionário tem mais condições de decidir o que é melhor na linha de frente.


Lembre-se de que a delegação é uma forma de mitigar os riscos da tomada de decisão: Quando só há uma pessoa decidindo tudo, a probabilidade de erro é muito maior.


Mas não pense que dá para delegar tudo, existe uma tarefa que você não pode deixar com outra pessoa: Cuidar do seu liderado.

"Confie na sua equipe."
Confiança (ou a falta dela) é a base de qualquer relacionamento. Se você não confia em alguém da sua equipe, não empurre com a barriga! Descubra o motivo e resolva a situação.

"O líder é responsável por transmitir a cultura e os valores da empresa."
Assim como garantir que as pessoas certas estejam nos lugares certos, não dá para esperar que o RH seja o único responsável por transmitir a cultura e os valores da empresa para a sua equipe.

"Mais importante do que estar escrito, o processo precisa ser praticado."
Sendo alguém que atua com Gestão de Processos, recebi o recado com alegria! Por mais óbvio que pareça, muitas vezes estamos tão preocupados em atender alguma pressão (interna ou externa) que o foco da "gestão dos processos" acaba sendo na criação de diversos documentos, ao invés da análise, melhoria e institucionalização dos fluxos da empresa. Assim como na palestra do Abilio Diniz, fica mais uma dica para a turma do BPM!

"Em momentos de crise, tenha agilidade para tomar decisões."
O bicho está pegando? Não adianta sentar no problema e esperar que se resolva. Lembre-se de que "pior do que tomar a decisão errada é não tomar nenhuma decisão". Momentos de crise permitem o aprendizado e o crescimento.

"Pare de perder tempo com reuniões!"
Assim como o Abilio Diniz disse na primeira palestra, ficar perdendo tempo em reuniões é sinal de que as pessoas não sabem o que fazer ou não querem assumir responsabilidades. Portanto, preste atenção no volume de reuniões que você agenda ou participa, além de analisar os assuntos discutidos nessas reuniões. São encontros para resolver problemas ou discutir problemas?


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Percebe que não existe segredo? Mas também não dá para falar que há uma receita infalível para o "sucesso em gestão". O que posso concluir das três primeiras palestras é que existem sim alguns princípios de gestão, mas que devem ser adaptados para cada situação e cultura.


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Agradeço sua visita!


Um abraço,
Alessandro.

domingo, maio 20, 2012

[Grandes Empresários: Estilos de Gestão] Palestra com Jayme Garfinkel

No segundo encontro do curso Grandes Empresários - Estilos de Gestão tivemos uma palestra com o Jayme Garfinkel, presidente do Conselho de Administração e Diretor Presidente da Porto Seguro S/A.


A Porto Seguro nasceu em 1945 com 50 funcionários, hoje são mais de 10 mil. Em 1972, a empresa foi adquirida pelo Sr. Abrahão Garfinkel (pai de Jayme), alguns anos depois, após o falecimento do Sr. Abrahão, a presidência foi assumida pelo Jayme, que continuou o trabalho para garantir a posição de destaque mantida até hoje pela Porto. Ou seja, mais um palestrante qualificado para compartilhar suas experiências no curso.


Jair Ribeiro, Jayme Garfinkel e Ana Maria Diniz
Crédito da Foto: Casa do Saber - http://on.fb.me/Kqaddz 
Compartilharei com vocês algumas reflexões e conclusões baseadas na apresentação do Jayme (assim como no texto anterior, meu objetivo não é divulgar um resumo da palestra):

"As pessoas precisam sentir que trabalham em um ambiente justo."
Mesmo fazendo o básico, garantir que todos tenham a "percepção de justiça" não é uma tarefa simples, pois não basta criar e divulgar regras para aumento de salário, promoções, ajuda de custos para cursos, avaliação de desempenho, etc. quando há sempre a possibilidade de exceções para ajudar os queridinhos ou punir os rebeldes. Pior ainda se nem o básico acontece, o resultado é um ambiente de trabalho pesado e hostil, onde ninguém consegue "ficar", as pessoas simplesmente "passam" pela empresa.

"Lidere pelo exemplo."
Ouvir mais situações onde a liderança pelo exemplo faz a diferença, reforçam a importância desta postura. Se você já é, pretende ser ou pensa que é um líder, reflita sobre o que tem cobrado da(s) pessoa(s) que responde(m) para você. Mas não pense que isso só deve ser praticado nas ações para atingir os objetivos estratégicos ou para ser bem sucedido nas metas anuais, a liderança pelo exemplo também tem que ser praticada nos detalhes. Se você exige pontualidade, mas sempre chega atrasado nos compromissos, lamento informar que há um grande risco da sua equipe boicotá-lo silenciosamente. 

"Além de delegar, forneça autoridade."
Em outras palavras: Não adianta delegar uma tarefa para a equipe se você não dá espaço para que eles executem. Essa é uma característica de "líderes" inseguros e centralizadores. O verdadeiro líder tem segurança e maturidade para fornecer o poder e o espaço adequado à cada membro da equipe, conseguindo os melhores resultados de cada um e pavimentando o caminho para que todos se evoluam (inclusive ele). É o famoso empowerment.

"Quanto mais poder possui, mais solitário o líder fica."
Na realidade, quantitativamente é o inverso que acontece. Quanto mais poder acumula, mais pessoas desejam estar próximas do líder. A solidão está na qualidade das interações com as pessoas hierarquicamente abaixo do líder. Não é todo mundo que assume o risco de "se queimar" ao discordar ou questionar alguém poderoso. Durante as reuniões, quando o líder é o primeiro a emitir sua opinião, é grande a probabilidade da maioria concordar (mesmo que, no fundo, pense diferente). Bom, há quem goste deste clima de bajulação e de ter um séquito de "Amigos do Rei".


Qual é o desafio (também citado pelo Abilio Diniz, durante a primeira palestra do curso)? Conseguir sair do isolamento, incentivando a equipe a participar de forma verdadeira no processo decisório.

"É fundamental saber ouvir."
Quantas vezes já te falaram que escutar é diferente de ouvir? Pois é... E não basta ficar quieto enquanto o outro fala, ouvir vai muito além disso. Recomendo que vocês leiam o ótimo artigo publicado na edição de fevereiro do McKinsey QuarterlyThe executive’s guide to better listening.

"O funcionário precisa sentir que faz parte do negócio."
A sensação de pertencimento faz com que as pessoas realmente se dediquem e vistam a camisa da empresa. Permitir a participação de todos na definição das metas (individuais e da área) e a correta descentralização do poder são duas formas de começar a provocar esse sentimento. Sobre a definição de metas, sugiro que leia o texto que publiquei em dezembro: Final de Ano, Fechamento de Metas e o Conflito de Agência.

"O líder precisa saber usar a intuição (no momento certo)."
Nem sempre é possível tomar decisões baseadas em relatórios e gráficos, ás vezes, não há informações suficientes ou o tempo não permite uma avaliação criteriosa das opções. Nesses momentos, a intuição do líder faz a diferença entre uma decisão boa ou ruim. No meio de tantos livros, artigos e ferramentas que podem ajudá-lo a usar a intuição lembre-se sempre que...
"Pior do que tomar a decisão errada é não tomar nenhuma decisão."
"O sucesso tem vários pais, mas o fracasso é órfão."
A primeira frase foi dita por um consultor muito experiente, com quem trabalhei entre 2008 e 2009. A segunda frase foi citada em um dos episódios da 2ª temporada da série Boardwalk Empire. Lembre-se delas quando for tomar uma decisão (principalmente se for usar a intuição).


"Prestigie seus funcionários."
Na correria maluca do dia-a-dia é normal esquecermos de comemorar as vitórias e celebrar os momentos importantes. Nem todo mundo faz questão de confete, mas todos desejam algum tipo de reconhecimento pelos resultados positivos. Quando o reconhecimento vem da forma que o funcionário espera, a relação "líder-liderado" entra em um ciclo virtuoso, gerando mais empenho e dedicação. Mas lembre-se, é fundamental entender o que cada membro da sua equipe busca!


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Embora tenham princípios parecidos, o modelo de gestão do Jayme Garfinkel é nitidamente diferente do Abilio Diniz. Não é possível afirmar qual é a melhor forma, pois isso depende dos critérios de avaliação. Mas posso concluir que cada empresário tem sido bem sucedido na tarefa de construir uma história de sucesso, não é por acaso que são líderes em seus segmentos.


Se você já épretende ser ou pensa que é um líder, tenha humildade para aprender com os mais experientes, ousado para testar novas práticas e ágil para trocar o que não funciona antes que faça estragos na equipe.
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Agradeço sua visita!

Um abraço,
Alessandro.

quinta-feira, maio 10, 2012

[Grandes Empresários: Estilos de Gestão] Palestra com Abilio Diniz

Na última segunda-feira (07/05), começou um dos cursos mais esperados na programação do 1º Semestre da Casa do SaberGrandes Empresários - Estilos de Gestão. Já participei de diversos eventos na Casa e nunca vi um tão lotado quanto este, por isso acredito que seja um dos mais procurados deste semestre.


Bom... Lendo a programação é possível entender o motivo da procura, então não preciso falar muito.


A primeira palestra foi com o Abilio Diniz; para quem não o conhece, ele é o cara que liderou o Grupo Pão de Açúcar na transformação do que era uma pequena rede de supermercados na líder do segmento varejista nacional.


Jair Ribeiro, Abilio Diniz e Ana Maria Diniz
Crédito da Foto: Casa do Saber - http://bit.ly/IZlvfb 


Se você quiser ler um resumo dos tópicos apresentados pelo Abilio, acesse o texto publicado no site dele, aqui no Buteco vou compartilhar algumas conclusões e reflexões baseadas na ótima palestra:


"Não há o que inventar, as empresas são compostas de gente e processos. Se algo está errado, olhe um desses dois itens."


Fato! Muitos "gurus da administração" tentam trazer uma ideia nova, mas, analisando com calma, percebemos que a "grande solução" nada mais é do que uma ideia antiga com uma carinha diferente. Além disso, não adianta muita coisa as lideranças buscarem a "bala de prata" quando o básico não é feito da forma correta: As pessoas estão satisfeitas com a empresa? Os processos são definidos e compreendidos?


Pessoas motivadas e com os processos adequados, mas sem as ferramentas (software, infraestrutura, hardware, etc.) necessárias para a realização do trabalho, acabam enfrentando muita dificuldade (muita mesmo!) para atingir os objetivos, por isso, incluo somente a necessidade do olhar também para a "tecnologia":




"Para uma boa tomada de decisão, basta ter as pessoas certas nas posições certas."
A ideia de ter as pessoas certas nas posições certas é defendida por Jim Collins (um dos autores citados pelo Abilio durante a palestra e que tem influenciado o modelo de gestão do Grupo Pão de Açúcar). Mas antes que você diga ou pense "Ter as pessoas certas nas posições certas é muito óbvio!", peço que reflita um pouco e analise se na sua empresa é dessa forma... Pois é, eu imaginei que não.


"O líder não precisa ser técnico ou generalista, mas obrigatoriamente tem que saber tirar o máximo dos seus liderados."
Sabe aquela velha discussão entre ser chefe ou líder? Este é um tema recorrente justamente porque a questão ainda não está resolvida. Alguns afirmam que a pessoa "nasce" líder, outros defendem a tese de que é uma habilidade que pode ser desenvolvida. O fato é que a falta de liderança enfraquece a empresa, atrevo-me a dizer que um verdadeiro líder muitas vezes consegue segurar a equipe mesmo em situações onde o mundo está caindo. Pode acreditar, agindo como um "chefe" você dificilmente terá o respeito e admiração da sua equipe, obtendo somente resultados medíocres.


"Entenda o que é importante para os seus funcionários."
Além do básico já esperado pelos seus funcionários (salário compatível com o mercado, plano de saúde, plano odontológico, etc.), entenda o que eles desejam. Pesquisas e entrevistas podem revelar ações simples que terão grande impacto na satisfação da sua equipe. Em 2007 escrevi um pequeno texto sobre este assunto: http://batepapodebuteco.blogspot.com.br/2007/11/o-que-voc-busca-quais-so-as-iniciativas.html

"Lidere pelo exemplo."
Para implantar uma cultura e valores dentro da empresa, não sei se existe algo melhor do que o exemplo vindo do topo. Acredite: Não adianta fazer uma bela campanha motivacional com cartilha bonitinha, adesivos, bottom e diversos outros recursos caros sem ter o REAL engajamento da liderança. Se não for para liderar pelo exemplo, fique somente no arroz com feijão da gestão, obtendo resultados medíocres ou ótimos resultados que não serão sustentáveis daqui algum tempo.


Falando em liderança... A FGV oferece um curso chamado "Liderança 360º - Abilio Diniz".


"Sobre processos..."
Tive a oportunidade de fazer a penúltima pergunta da palestra. Questionei o Abilio Diniz sobre como funciona o "olhar para os processos" dentro do Grupo Pão de Açúcar.


Colegas tecnomaníacos, amantes das práticas ortodoxas de BPM, BPMS, documentações complexas e afins, vocês viram no começo do texto que o Abilio Diniz é um executivo que compreende o valor da empresa trabalhar orientada pelos processos. Mas o valor disso tudo não está no processo estar documentado da forma X, gerenciado pela ferramenta Y ou estar estruturado de acordo com as melhores práticas Z. A visão processual tem que favorecer a compreensão dos papéis e responsabilidades, tem que facilitar a compreensão de como a empresa funciona e apoiar a tomada de decisão. Nós, profissionais que trabalham com Gestão de Processos, precisamos parar de tentar vender furadeiras e entender o que nossos clientes pretendem fazer com elas, talvez uma fita dupla-face resolva o problema. Como diria o saudoso Theodore Levitt: "People don’t want to buy a quarter-inch drill. They want a quarter-inch hole!".


Ao responder minha pergunta, o Abilio citou um exemplo muito bacana...


Empresas que precisam fazer muitas reuniões normalmente sofrem de dois problemas:
1 - As pessoas não sabem o que precisam fazer;
2 - As pessoas  não querem assumir a responsabilidade, então fazem reuniões para dividi-la com outros.
Se as pessoas certas estiverem nas posições certas, os papéis e responsabilidades estiverem definidos e o processo decisório for claro, as reuniões vão acontecer somente quando realmente for necessário.


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Além do texto texto publicado no site do Abilio Diniz, também recomendo que vocês leiam o artigo publicado na edição de Março/Abril da HSM Management. Abilio Diniz e Jim Collins falam sobre como unir a reflexão e a prática em uma empresa.


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Agradeço sua visita!

Um abraço,
Alessandro.
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